28 Junho 21:30 Auditório da Reitoria da UNL
Um saxofone, um acordeão, um contrabaixo e um par de gira-discos… e Beethoven?
A abordagem «romântica» e especialmente melódica de Carlos Bica, que vai beber ao jazz, à música erudita e à tradição popular de Portugal; o discurso elegante e muito livre de Daniel Erdmann, construído sobre a tradição jazzística mas empenhado em encontrar novos caminhos; as muitas cores convocadas por DJ Illvibe (Vincent von Schlippenbach), um garimpeiro à procura dos mais loucos fragmentos de sons; a fascinante musicalidade João Barradas, um dos mais conceituados e reconhecidos acordeonistas europeus, capaz de abraçar as mais diversas linguagens musicais — eis a invulgar conjugação que se propõe redescobrir o legado de Beethoven.
Carlos Bica é um dos nomes do jazz nacional com maior projeção além-fronteiras. Aprendeu a tocar contrabaixo na Academia dos Amadores de Música e na Escola Superior de Música de Würzburg, na Alemanha. Foi membro da Orquestra de Câmara de Lisboa, assim como de diversas orquestras de câmaras alemãs, tais como, a Bach Kammerorchester e a Wernecker Kammerorchester. Fez muita música improvisada, trabalhou e gravou na área da música popular portuguesa com Carlos do Carmo, José Mário Branco, Camané, Janita Salomé, Pedro Caldeira Cabral, Cristina Branco e colaborou com músicos como Ray Anderson, Kenny Wheeler, Aki Takase, Kurt Rosenwinkel, John Zorn, Lee Konitz, Mário Laginha, Mathias Schubert, Claudio Puntin, João Paulo Esteves da Silva, Gebhard Ullmann, David Friedman, Alexander von Schlippenbach, John Ruocco, outros. Entre os vários projectos musicais que lidera, além de intervenções em áreas como dança, teatro e cinema, o seu trio AZUL com Frank Möbus e Jim Black, e mais recentemente o trio com DJ Illvibe nos gira-discos e Daniel Erdmann no saxofone contribuem para fazer do contrabaixista e compositor uma referência no panorama do Jazz europeu.
Daniel Erdmann nasceu em 1973 em Wolfsburg, Alemanha. Toca saxofone desde 1983 e fez os seus estudos na classe de Jazz da Hochschule für Musik Hanns Eisler, na sua cidade adoptiva de Berlim. Na sequência de uma bolsa do Alto Conselho Cultural Franco-Alemão, mudou-se em 2001
para Paris e mais tarde para Reims, onde criou a associação cultural franco-alemã DAS ATELIER. Com os músicos Théo Ceccaldi e Jim Hart, fundou o grupo Velvet Revolution, cujo álbum de estreia na BMC Records ganhou o prémio anual da crítica alemã e um Echo Jazz. Foi eleito “Músico Europeu do Ano 2019” pela Académie du Jazz em Paris, recebeu o “SWR Jazzpreis 2020” e o “Deutscher Jazzpreis” em 2021.
DJ Illvibe, de nome civil Vincent von Schlippenbach, nasceu em Berlim em 1980 e é filho do célebre pianista de free jazz Alexander von Schlippenbach. Tendo aprendido a tocar diversos instrumentos desde a sua infância, Illvibe começou a interessar-se pelo mundo de DJ aos 14 anos. Começou a utilizar o gira-discos e respetivos discos como instrumento musical enquanto membro do projeto Hip Hop Lychee Lassi. Com a possibilidade de manipular os sons à sua vontade, de os trabalhar diretamente ao vivo, os esticar e encurtar, recortar e voltar a colar, com a possibilidade de com um só loop ou um único compasso, com uma única nota alcançar universos musicais, conseguiu nas sessões de improvisação dar sempre uma nova direcção à música. Illvibe não é um coleccionador sentimental de discos, simplesmente utiliza os seus discos de Vinil, retira o que encontra neles — trabalha com eles. Quando IIlvibe abre a sua mala de discos, encontra nela todo o universo da música. Grandes vozes, instrumentos a solo, orquestras inteiras, kicks, snares e basedrums ou canto difónico tibetano.
João Barradas figura entre os mais conceituados acordeonistas europeus, movendo-se nas cenas da música erudita, do jazz e da música improvisada. Venceu vários prestigiados concursos internacionais para o seu instrumento na área da música erudita; destacam-se nessa lista o Troféu Mundial de Acordeão (CMA), o Coupe Mondale de Acordeão (CIA), o Concurso Internacional de Castelfidardo e o Okud Istra International Competition. No campo da música erudita, vários compositores escreveram para ele peças para acordeão solo, que interpretou em dezenas de estreias mundiais. No jazz, a sua actuação começa em 2016, quando gravou “Directions”, para a etiqueta norte-americana Inner Circle Music, disco produzido pelo saxofonista Greg Osby e foi considerado um dos discos do ano pela revista Downbeat.
Nomeado ECHO Rising Star pela European Concert Hall Organization para a temporada 2019/2020, a prestigiada BBC Music Magazine também o distinguiu nessa mesma temporada como uma das suas Rising Stars. Em 2020, João Barradas obteve o 2º Prémio do Concurso de Composição SPA|/Antena 2 com a sua obra “The Edge of the Sea” para Orquestra Sinfónica.
Carlos Bica – contrabaixo, composição e direcção musical
Daniel Erdmann – saxofones tenor e soprano
João Barradas – acordeão
DJ Illvibe – gira-discos